Com o advento da poderosa indústria química no século 19, foi inevitável que na Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, se usasse o gás venenoso como uma arma de combate. Os soldados fizeram largo uso do gás de cloro e de mostarda, conhecendo mais um abominável instrumento de morte.
O pavor dos atingidos pela nuvem mortífera foi total. Desde então, nada provocou no homem contemporâneo tamanha fobia do que vir a morrer inalando gás venenoso. Tanto assim que, depois da Grande Guerra, assinou-se um acordo em Genebra, em 1925, no qual a maioria dos países assumiu o compromisso de não usá-lo.
O gás no front de batalha
Registra-se o dia 3 de janeiro de 1915 como a data fatídica em que pela primeira vez os alemães abriram cilindros de gás venenoso sobre as trincheiras inimigas, operação sem êxito pelas baixas temperaturas do inverno europeu. Mas logo que o tempo melhorou, com a primavera, em 25 de abril de 1916, a situação foi outra. Nos dias seguintes, na região de Langemarck, perto de Ypres, uma densa névoa verde-cinza, típica do gás de cloro, começou a soprar em direção às linhas de um regimento franco-argelino que sustentava a posição nas trincheiras em frente.
Quando os soldados viram aquele vapor tóxico vindo na direção deles, envolvendo tudo, adentrando por todos os lados, provocando-lhes uma violenta náusea, foi um salve-se quem puder. Eras o sopro do dragão. O pânico fez com que eles, deixando as armas e mochailas, corressem como loucos para as linhas da retarguarda em busca da salvação. Tiveram que improvisar algumas máscaras na hora, mas sem grandes resultados.
Nas trincheiras e nos campos, jogados ao léu, encolhidos, espumando, ficaram os que não conseguiram escapar. Psicologicamente foi um sucesso. O inimigo desertara em massa. A nptícia logo se espalhou de boca em boca pelos corredores das trincheiras e dos valos onde milhares de homens se encontravam - um diabo em forma de nuvem fétida estava solto pelos campos de batalha.